Como a Psicologia do Esporte pode auxiliar um atleta lesionado?

A psicologia do esporte é uma área de atuação que não está voltada somente para o esporte de alto rendimento. O Psicólogo do Esporte atua também em seus projetos sociais, na iniciação esportiva e na reabilitação.





A atuação na reabilitação possui duas frentes de intervenções. A primeira visa a reabilitar o atleta ou o praticante de esporte lesionado. O segundo tipo de intervenção consiste na reabilitação pelo esporte, ou seja, com pessoas que necessitam da atividade física como prescrição médica para promoção e prevenção da saúde e para melhorar o estilo e a qualidade de vida.

Quando um atleta se lesiona, ele não se machuca somente fisicamente. A lesão traz também sofrimento psicológico, possui um componente emocional de grande repercussão. A reabilitação poderia ser realizada com a presença do psicólogo do esporte em parceria com os médicos e fisioterapeutas, integrando uma equipe interdisciplinar.

Lesionar-se é comum e inerente ao esporte competitivo, é quase impossível um atleta passar ileso em sua carreira esportiva sem ao menos se lesionar uma única vez.

As conseqüências negativas das lesões ultrapassam claramente a saúde física dos indivíduos, afetando o seu bem-estar psicológico e podendo comprometer o equilíbrio e a saúde mental. Sintomas psicológicos resultantes de uma lesão, tais como, ansiedade, depressão, medos, desespero, frustração, impaciência e a não adesão ao plano de tratamento caracterizam esse comprometimento. Algumas reações psicológicas mais severas podem ter um impacto mais sério na vida do atleta que as próprias limitações físicas da lesão.

Tudo dependerá do grau da lesão, do tempo de recuperação, do momento na carreira desse atleta e principalmente das particularidades de cada individuo. Para determinadas pessoas a lesão pode ser uma catástrofe pessoal independentemente do grau da mesma. Outras pessoas podem lidar com essa condição de maneira mais branda, como mais um obstáculo em sua carreira que deverá ser superado.

Para alguns atletas a lesão pode representar uma “dose de alívio” por se afastar das pressões, estresse e rotinas de treinamentos. Há lesões que incapacitam o atleta a retornar a condução atlética anterior e algumas até podem acarretar numa aposentadoria precoce.

As vivencias no período lesionado são similares a teoria dos estágios do luto, proposto pela Psiquiatra suíça, Elisabeth Kübler- Ross. São eles:

1 – Estágio da negação: a pessoa não aceita sua condição.

2 – Estágio da raiva: a pessoa percebe que está incapacitada de exercer suas habilidades atléticas por conseqüência da lesão sofrida.

3 – Estágio da negociação: a pessoa começa a compreender a necessidade de mudar seus comportamentos visando promover a melhoria de sua saúde. Nesse estágio, os atletas religiosos se apegam ainda mais em suas crenças.

4 – Estágio da depressão: a pessoa compreende sua condição incapacitante, perda da identidade profissional.

5 – Estágio da aceitação e/ou reorganização: a pessoa aceita sua condição atual, busca trabalhar com mais empenho com intuito de retornar aos treinos.

Nesse processo de recuperação e acompanhamento do atleta lesionado é papel do psicólogo do esporte, a escuta terapêutica (ouvir as queixas para aliviar as angústias, os sofrimentos, os medos, as inseguranças etc.). Desenvolver a motivação (fortalecer a auto-estima, estabelecer metas de curto à médio prazo). Controlar a ansiedade (propor relaxamento, utilizar técnicas de visualização mental e de concentração).

Preparar o atleta para o retorno das atividades esportivas (fortalecer a segurança, a auto-eficácia, utilizar técnicas de auto-instrução, desenvolver junto com a equipe interdisciplinar o retorno gradativo das rotinas).
Incentivar as pessoas importantes do círculo social do atleta a fim de auxiliar durante todo do processo de recuperação e promoção da saúde (familiares, parentes, amigos, companheiros da equipe).

O acompanhamento psicológico poderá ser um aliado fundamental que irá proporcionar ao atleta e a comissão técnica mais uma ferramenta para o período de reabilitação e retorno as atividades laborais.

Fonte:
Publicado no Site Psicologia no Esporte

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