Desidratação influencia a perda de performance



Perda hídrica durante exercícios pode atrapalhar o desempenho em competições 

Saiba como prevenir

Nosso organismo depende de água para manter sua fisiologia e quando perdemos líquidos, as funções ficam comprometidas. No caso dos atletas, a desidratação é ainda mais comprometedora, visto que pode atrapalhar o desempenho nas competições.

O médico especialista em nutrologia e metabologia, fisiologias do exercício e do envelhecimento e pós-graduado em endocrinologia e metabologia, Mohamad Barakat, da capital paulista explica que a quantidade de água que perdemos em 24 horas deve ser reposta ao longo do dia para manter a saúde e funcionamento do organismo. “O adulto necessita em média de 1ml de água/Kcal/dia ou 35ml/kg.

Para os atletas, a necessidade de água deve ser calculada individualmente”, destaca. Isso porque a perda hídrica prejudica a resposta fisiológica e o desempenho físico, além de colocar em risco a saúde, como ensina o médico ortopedista especialista em esportes Marcos Britto da Silva, do Rio de Janeiro (RJ), o que pode ser notado já com leve desidratação, com até 2% de perda do peso. “A desidratação leva a riscos de aumento da temperatura corporal e de lesões musculares”, explica.

Há casos em que a transpiração é desejada pelo atleta para que ele possa reduzir seu peso para participar de lutas e eventos. Jóqueis, lutadores de boxe e MMA, entre outros, tendem a recorrer à perda de líquidos para reduzir medidas, mas Britto explica que essa prática também leva a riscos, já que, com cerca de 2% da desidratação se inicia o aumento da temperatura do corpo em até 0,4°C para cada percentual subsequente à desidratação. Além disso, com a desidratação ligada ao exercício físico extenuante pode acontecer a rabdomiólise, que provoca a morte do músculo, com liberação do conteúdo intramuscular na corrente sanguínea. “Era muito comum esse tipo de treinamento com militares, já que intentava-se simular situações de grande estresse que levavam à perda de líquidos e essa condição”, explica o ortopedista.

Desidratação: avaliação caso a caso

Não existe uma regra sobre a quantidade de líquidos que deve ser ingerida por atletas recreativos e profissionais. Britto destaca que é preciso avaliar diversas variáveis para determinar como minimizar a desidratação, como local do treino ou competição, temperatura e altitude do local e o quanto o atleta está ambientado a essa temperatura. Embora os dias mais quentes demandem atenção especial, quando a temperatura cai o atleta também precisa se hidratar e lançar mão de roupas que favoreçam a transpiração sem elevar a temperatura do corpo.

“Nas provas muito longas, como maratonas, eventualmente perde-se muito líquido e é requerida uma pré-hidratação e hidratação ao longo da prova. É preciso que o treinador crie um planejamento de água e às vezes até de eletrólitos, sendo que para atletas de alto rendimento, o isotônico pode ser melhor do que a água para manter a performance”, conta Britto.

Barakat conta que para ter uma boa hidratação, evitando a perda de desempenho, o atleta deve tomar as seguintes atitudes:

• 24 horas antes da prova, comece a ingerir líquidos, mas sem exageros;
• No espaço de duas horas antes de competir, beba em torno de meio litro de água ou isotônico;
• 20 minutos antes da atividade, um copo de líquido é bem-vindo;
• Durante a atividade, o atleta pode beber um copo de água de 15 em 15 minutos.

“A temperatura dos líquidos deve ficar em torno de 15 a 20ºC, promovendo um melhor esvaziamento gástrico”, ensina Barakat que frisa que além de transportar nutrientes pelo organismo e os produtos resultantes do metabolismo, a água é um importante lubrificante para as articulações. “Mas o excesso de líquidos também ocasiona distúrbios no aparelho digestivo.”

Uma dica de Brito para saber qual é a necessidade hídrica do atleta é, durante o treinamento, fazer pesagens com a mesma balança – o mais precisa possível – para poder avaliar a perda de peso por hora, já que ela esta será uma perda de líquidos. “É uma forma prática de ver o quanto tem que beber por hora. Dá até pra fazer uma correlação com os dias mais quentes, acima dos 30°C, para ter mais noção do quanto reidratar”, explica. Além disso, um bom sinal que o organismo envia para indicar que precisa de líquidos é a sede.

A perda de líquidos tende a deixar o sangue mais viscoso e a pressão sanguínea mais elevada, prejudicando a performance no exercício, já que a desidratação afeta o desempenho aeróbio e aumenta a frequência cardíaca. Essa preocupação é ainda mais acentuada nos dias mais quentes e úmidos. Evitar a desidratação deve ser uma atividade constante na vida do atleta e de nada adianta intensificar a ingestão de água e outros líquidos apenas na véspera da competição, pois de acordo com o ortopedista, o organismo controla a quantidade de líquidos e sais o tempo todo, por meio dos rins. Dessa forma, quem ingere seis copos de água e não pratica atividade física, em pouco tempo vai eliminar esse líquido por meio da urina, já que os rins não vão deixar o sangue muito diluído por um longo período.

Barakat explica que a maior parte dos líquidos perdidos durante as competições são eliminados com o suor, que é composto por água, sais minerais (sódio, cloro, potássio, cálcio, magnésio, ferro, etc) e alguns produtos metabólicos: “no entanto, o suor não é igual em todos os indivíduos, pois os atletas bem-treinados e aqueles que vivem em países quentes e úmidos têm um suor mais diluído. As mulheres, em condições iguais de exercício e clima, produzem menos suor que os homens”.

Corpo alerta quando a desidratação está leve ou moderada

Além da sede, o organismo demonstra que está em leve ou moderada desidratação por meio de sintomas como fadiga, perda de apetite, pele vermelha, tontura, intolerância ao calor, urina mais concentrada etc. O quadro se agrava quando o indivíduo demonstra dificuldade pra engolir, perda de equilíbrio, pele murcha, olhos afundados, visão fosca, pele dormente, delírio, espasmos musculares etc.

Algumas práticas esportivas, como o Triathlon, por exemplo, costumam exigir muito mais do organismo e, nesse caso, por serem provas longas, apenas a hidratação com água não resolve. Barakat afirma que muitas vezes é importante que o atleta consuma algum alimento como frutas sem casca, cereais, sucos e água de coco. “O ideal é que o atleta consuma carboidratos para evitar hipoglicemia. Ou consumir bebidas que contenham quantidades significativas de sódio e minerais.”

Prevenir, nesse caso, é sempre melhor do que remediar e, por isso, é importantíssimo que os atletas e treinadores respeitem os limites do próprio corpo e ainda invistam mais e mais na hidratação adequada que mantêm o desempenho nas modalidades praticadas.

Fonte:
Portal de Educação Física

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